O descaso que custa caro: servidores em sofrimento e a conta que só cresce
Hoje, a notícia da demissão de uma dentista que atuava no município caiu como uma bomba. Se confirmada, essa perda é mais um golpe em uma estrutura de serviços públicos já debilitada e desorganizada. O atendimento odontológico, essencial para tantas famílias, perde uma profissional que carregava nas mãos não apenas instrumentos de trabalho, mas também a esperança de quem não tem como pagar por uma consulta no particular.
Enquanto isso, a conta do aumento dos vereadores já chegou. O que deveria ser uma gestão voltada ao bem comum transforma-se num espetáculo de deboche. Vereadores, verdadeiros marajás, aprovam para si aumentos generosos, enquanto servidores, o coração pulsante do serviço público, enfrentam salários baixos e condições indignas de trabalho.
E os fisioterapeutas? Ah, esses são os heróis invisíveis do momento. Estão por aí, rodando com seus próprios carros, gastando do bolso gasolina que pesa cada vez mais. Você já fez as contas? Quem percorre as ruas de Goiandira para atender pacientes a domicílio desembolsa facilmente R$ 15 a R$ 20 por dia. No final do mês, são pelo menos R$ 400 a menos no orçamento, sem qualquer reembolso do município. É o cúmulo do descaso: profissionais que deveriam ser sustentados pela estrutura pública, sustentando a própria estrutura com sacrifício pessoal.
E agora, quando o desgaste se acumula, já se fala que os atendimentos domiciliares podem parar. E o que será das pessoas que dependem deles? O município não enxerga que, ao perder esses profissionais, perde muito mais que um trabalhador: perde acesso, dignidade e cuidado para aqueles que mais precisam.
A questão vai além de gasolina e carros. É sobre valorizar quem faz o município funcionar. Recentemente, aprovados em concursos recusaram assumir os cargos porque os salários oferecidos não chegam nem perto do que foi prometido. Quem quer se dedicar a um trabalho árduo sabendo que não será recompensado de forma justa? Enquanto isso, prefeito e secretários parecem não ter pudor em aprovar seus próprios aumentos, alimentando um abismo entre quem comanda e quem faz acontecer.
O custo dessa má gestão já está escancarado. São demissões, atendimentos interrompidos e servidores cada vez mais desmotivados. O desemprego cresce, e com ele, a miséria. O povo assiste, impotente, à degradação de um sistema que deveria protegê-lo. E os vereadores? Esses seguem no conforto dos seus gabinetes, alheios ao sofrimento de quem está na ponta.
É lamentável que, enquanto o município sangra, os gestores não enxerguem que investir nos servidores é investir no futuro da cidade. Não há progresso sem respeito. Não há desenvolvimento sem cuidado. E não há gestão pública sem compromisso com o bem-estar coletivo.
Chegou a hora de rever prioridades. De colocar os recursos onde eles são mais necessários: na valorização dos servidores e no fortalecimento dos serviços básicos. O povo merece respeito, não o peso de uma conta que nunca pediu para pagar. O município só está perdendo, e, se nada for feito, as perdas podem se tornar irreparáveis.