Polícia Civil deflagra nova fase da Operação Caça-Fantasma

Polícia Civil deflagra nova fase da Operação Caça-Fantasma e revela esquema milionário na Prefeitura de Goiandira

Nova etapa das investigações aponta inserção de funcionários fantasmas, fraudes em empréstimos consignados e desvio direto de recursos públicos. Quatro pessoas são alvos da operação.

A Polícia Civil de Goiandira (GO) deflagrou nesta semana mais uma fase da Operação Caça-Fantasma, que investiga o desvio de recursos públicos na Prefeitura Municipal. O trabalho, iniciado no final de 2023, revelou um esquema criminoso sofisticado, liderado por um ex-chefe do setor de Recursos Humanos (RH), que já havia sido alvo de operação anterior. Desta vez, a polícia identificou a inserção de funcionários fantasmas na folha de pagamento e a obtenção fraudulenta de empréstimos consignados.

Segundo o delegado responsável pelas investigações, Fernando Maciel, tudo começou quando o ex-chefe do RH passou a criar nomes fictícios para incluir na folha salarial da Prefeitura, direcionando os pagamentos diretamente para sua própria conta bancária. A fraude foi descoberta após análise documental de mandados de busca cumpridos no final do ano passado.

“Ele transformou o setor de RH em um verdadeiro escritório do crime”, afirmou o delegado. “Inicialmente, ele criava nomes falsos e recebia os salários. Depois, aliou-se a um correspondente bancário de Catalão para fraudar empréstimos consignados em nome de servidores públicos.”

Funcionários fantasmas e conluio com correspondente bancário

A nova fase da operação revelou que duas pessoas do círculo íntimo do ex-chefe do RH foram registradas como servidores municipais, utilizando nomes fictícios semelhantes aos seus nomes reais. Esses indivíduos receberam salários por longos períodos — um por cerca de 14 meses e o outro por dois anos — sem jamais pisar na sede da Prefeitura de Goiandira.

Ambos ocupavam cargos fictícios de chefia: um como chefe do almoxarifado e o outro como chefe do conselho de segurança. Além dos salários, os falsos servidores conseguiram obter empréstimos consignados superiores a R$ 50 mil cada, com apoio do mesmo correspondente bancário investigado anteriormente na Operação Torniquete, deflagrada meses antes em Catalão.

A Polícia Civil identificou que parte do valor desses empréstimos era repassado de volta ao ex-servidor e ao correspondente bancário. “A quebra do sigilo bancário revelou um fluxo financeiro ilegal claro entre os envolvidos, com o dinheiro saindo dos cofres públicos e indo direto para suas contas pessoais”, explicou o delegado.

Quatro investigados e medidas cautelares

Nesta etapa da investigação, quatro pessoas foram diretamente envolvidas: o ex-chefe do RH da Prefeitura, os dois funcionários fantasmas e o correspondente bancário de Catalão. A Polícia Civil solicitou a prisão de todos os envolvidos, mas o Poder Judiciário optou por medidas cautelares, entendendo que as provas já obtidas são robustas e suficientes.

As medidas incluem uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, proibição de deixar a cidade e de frequentar determinados locais. “Nosso receio era de reincidência, pois o ex-servidor já responde por outros dois processos semelhantes. Mas respeitamos a decisão da Justiça”, declarou o delegado.

Prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 200 mil

Somente neste caso, o prejuízo direto aos cofres públicos ultrapassa R$ 200 mil. Um dos falsos servidores recebeu aproximadamente R$ 73 mil em salários; o outro, R$ 25 mil. Somados aos valores dos empréstimos consignados fraudados, o impacto financeiro do esquema é expressivo.

A Polícia Civil segue investigando a fundo o caso e não descarta o envolvimento de mais pessoas. “Trabalhamos com técnica, provas documentais e autorização judicial. Nosso foco é o combate objetivo à corrupção, sem envolvimento político ou especulativo”, concluiu o delegado Fernando Maciel.

A Operação Caça-Fantasma continua em andamento e novas fases podem ser deflagradas conforme o avanço das investigações.