Prefeitura de Goiandira e Polícia Militar impõem toque de recolher

Prefeitura de Goiandira e Polícia Militar impõem toque de recolher

Duração:
15 minutos

Prefeitura de Goiandira e Polícia Militar impõem toque de recolher pós-Carnaval e ferem direito constitucional de ir e vir

Se tem uma coisa que o Brasil ama, é Carnaval. Se tem uma coisa que o povo precisa, é trabalhar. Mas, em Goiandira, parece que a combinação dessas duas coisas não é bem-vinda. Porque, no meio da festa que deveria movimentar a economia local, veio um daqueles absurdos que só quem mora aqui entende: a Prefeitura, junto com o 18º Batalhão da Polícia Militar, resolveu criar uma norma que simplesmente ignora a Constituição Federal.

Sim, você leu certo.

Todo mundo que estava na Alameda Dr. Lélio David, assim que o show acabou às 4h da manhã, foi brutalmente obrigado a se retirar. Nada de pegar um lanche com calma, nada de bater papo com os amigos, nada de continuar curtindo a madrugada com segurança. O comando da PM, liderado pelo Major de plantão, tratou de varrer o pessoal dali como se estivessem expulsando criminosos, e não cidadãos que só queriam um sanduíche e um refrigerante depois de horas de festa.

Agora, vamos lembrar: o direito de ir e vir é garantido pelo artigo 5º da Constituição Federal, no inciso XV. Isso significa que ninguém pode ser impedido de circular livremente no território nacional, a menos que estejamos em estado de sítio ou de guerra. O que, até onde sabemos, não é o caso de Goiandira.

E os trabalhadores, como ficam?

Além da truculência com o público, tem outro grupo que saiu no prejuízo: os ambulantes e donos de food trucks.

Se no ano passado o pessoal ainda conseguia faturar alguma coisa vendendo lanche, este ano, a coisa já começou ruim: o número de comerciantes foi reduzido. E os que estavam lá? Nem puderam aproveitar a melhor hora de venda.

Porque todo mundo sabe que, depois do show, vem a fome. A economia local começa a girar de verdade de madrugada, quando o pessoal sai da festa e vai atrás de um cachorro-quente, um espetinho ou qualquer outra coisa para comer antes de ir embora. Mas parece que isso não entra na conta de quem tomou essa decisão.

Um comerciante desabafou:

"Ano passado, assim que deu 4h, a CPE já chegou. Não sobrou um ambulante. E pra quem tá vendendo, isso é péssimo, porque o povo não pode nem sentar e comer. Tem que pegar correndo e sair, pra não apanhar da polícia."

E é aí que a coisa fica ainda mais contraditória. Porque não faz muito tempo que a própria Prefeitura foi à rádio dizer que o Carnaval ajuda na economia local. Como assim? Se é pra ajudar, por que expulsam as pessoas no momento em que o dinheiro começa a circular?

Direito violado, economia prejudicada e uma pergunta sem resposta

A situação levanta questões sérias. Primeiro, qual a justificativa para essa norma? Desde quando uma Prefeitura pode inventar regras que vão contra a Constituição? E mais: por que uma cidade que depende do comércio local para se manter ativa decide atrapalhar quem está tentando ganhar a vida honestamente?

Se o objetivo era garantir a segurança, existem formas mais inteligentes de fazer isso. O que não dá é para transformar uma simples dispersão em um cenário de repressão desnecessária.

No fim, fica a lição: quem trabalha até tarde que lute. Quem quer um lanche depois da festa que corra. E quem deveria garantir direitos básicos que se esconda. Porque, em Goiandira, Carnaval pode até ser bom para a economia – mas só até a polícia resolver que acabou.