Reajuste em Goiandira: valorização do servidor ou maquiagem contábil?
Nesta sexta-feira, 27 de junho, o prefeito Allisson Peixoto sancionou o projeto de lei que concede reajuste nos vencimentos dos servidores públicos ativos e inativos do Município de Goiandira (GO). No pronunciamento oficial, o gestor exaltou o reajuste como um “ato de valorização e respeito”, tanto para quem está na ativa quanto para os aposentados.
Mas afinal: esse aumento foi justo? Ou foi simbólico e insuficiente?
📉 Aumento de até R$ 30,00: é disso que estamos falando?
Nos bastidores da categoria, o reajuste foi recebido com descrença por parte dos servidores de base. Em vários casos, o aumento líquido não ultrapassou R$ 30,00 no contracheque. Isso mesmo: pouco mais que uma pizza pequena.
Com base em dados apurados com fontes internas da própria prefeitura, o reajuste foi linear, baseado em índice de inflação (INPC), sem reestruturação de tabela, sem plano de carreira e sem diferenciação entre categorias técnicas e operacionais.
Traduzindo em bom português corporativo: mais uma política de "tapa-buraco" para conter desgaste político, sem impacto real na vida funcional dos servidores.
---
🧮 Onde está a valorização?
O discurso é bonito — “valorizar o servidor é valorizar o serviço público” —, mas na prática, a valorização é mínima. Uma correção de 4% a 5%, com impacto de R$ 20 a R$ 60 reais no salário-base, não reverte o achatamento salarial acumulado nos últimos anos.
Pior: em Goiandira, não há política permanente de progressão por mérito, nem plano de cargos com critérios técnicos. Ou seja, o servidor que entrega resultado recebe o mesmo de quem apenas cumpre horário. Isso é valorização?
---
🔎 E quanto à previdência?
O prefeito também destacou que o reajuste ajuda a “fortalecer o Instituto de Previdência Municipal”. Isso procede — mas só no papel. O aumento da base de contribuição ativa gera impacto positivo no caixa previdenciário, mas quando o reajuste é pífio, o efeito é simbólico.
Na prática, o que o Instituto precisa é de reformas estruturais, auditoria de passivos e um plano atuarial realista. E isso não se resolve com um reajuste de R$ 30.
---
🗣️ O que dizem os servidores?
Entre grupos de funcionários municipais, a percepção geral foi de frustração. Um servidor da educação que preferiu não se identificar foi direto:
> “Chamam de valorização, mas não cobre nem o aumento da cesta básica. É desrespeito disfarçado de boa intenção.”
Outros alegam falta de diálogo, ausência de audiências públicas e o costume político local de "governar no escuro".
---
💬 Conclusão — Crítica firme, sem rodeios:
A sanção do reajuste é legal, é prevista, é institucional. Mas está longe de ser justa.
O governo municipal tenta vender como “conquista histórica” o que, na realidade, é um reajuste técnico, obrigatório, com valor simbólico e efeito prático quase nulo. Faltou coragem para apresentar uma reestruturação séria. Faltou transparência com os números. Faltou escuta ativa com os servidores.
Goiandira não precisa de discursos sobre valorização — precisa de gestão com estratégia salarial.