Veto à transformação de escola em unidade militar expõe dilemas de Goiandira

Veto à transformação de escola em unidade militar expõe dilemas de Goiandira

Duração:
15 minutos

Veto à transformação de escola em unidade militar expõe dilemas de Goiandira

O veto integral do governador Ronaldo Caiado ao projeto de lei que propunha a transformação do Colégio Estadual Amélia de Castro Lima em uma unidade do Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás (CEPMG) gerou inquietação em Goiandira. A decisão, respaldada pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), trouxe à tona questões fundamentais sobre o futuro da educação na cidade.

A proposta, defendida pelo deputado Issy Quinan (MDB), visava criar o primeiro colégio militar em Goiandira. Contudo, o parecer contrário da Seduc foi categórico: o município não atende aos requisitos básicos para a instalação de uma unidade militar. Com apenas uma escola estadual em operação, não há possibilidade de resguardar o direito de escolha dos alunos que preferem estudar em um modelo de ensino não militar. Além disso, foi destacado que a implantação de uma unidade militar exige recursos orçamentários que, no momento, não estão disponíveis.

Para além dos argumentos técnicos, o veto coloca Goiandira em uma posição delicada. A ameaça do fechamento do Colégio Estadual Amélia de Castro Lima, caso o número de alunos continue diminuindo, não pode ser ignorada. O crescimento da demanda por vagas no Colégio Militar de Catalão tem atraído estudantes da região, esvaziando gradualmente as salas de aula do Amélia de Castro. A consequência é clara: com uma redução expressiva no número de matrículas, a continuidade da escola pode ser comprometida.

Essa situação levanta pontos negativos preocupantes para o futuro educacional e social de Goiandira:

  1. Risco de fechamento da única escola estadual
    O Colégio Estadual Amélia de Castro Lima é a única instituição estadual de ensino em Goiandira. Seu fechamento significaria um retrocesso para a cidade, privando estudantes de um espaço público de aprendizado e cultura. Isso afetaria diretamente famílias que não podem arcar com os custos de transporte ou de escolas particulares em cidades vizinhas.
  2. Êxodo educacional e impacto social
    A migração de alunos para o Colégio Militar de Catalão reforça o cenário de esvaziamento. Com isso, Goiandira perde jovens, que passam a se deslocar para outras cidades em busca de educação de qualidade. Esse fenômeno, além de impactar a comunidade escolar, enfraquece o tecido social local.
  3. Falta de alternativas educacionais
    Sem a transformação em unidade militar, Goiandira continua sem diversidade educacional. A ausência de outros modelos, como escolas técnicas ou de tempo integral, limita as possibilidades de escolha para os alunos e suas famílias.
  4. Baixa prioridade para a educação no município
    O veto do governo estadual expõe outra questão preocupante: a falta de investimento em educação na cidade. A justificativa de restrições orçamentárias e falta de estrutura aponta para uma negligência que se estende além da transformação em colégio militar.

Enquanto isso, o veto segue para análise na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa. O debate, no entanto, precisa ir além dos gabinetes e chegar à população de Goiandira. Mais do que a discussão sobre o modelo militar, é necessário refletir sobre o futuro educacional da cidade e como evitar que a única escola estadual desapareça por falta de alunos e de investimentos.

Goiandira enfrenta um dilema que não se limita à educação. É um reflexo das escolhas feitas – ou não feitas – pelos gestores públicos. O que está em jogo não é apenas a transformação de uma escola, mas o futuro de toda uma geração de jovens. E esse é um preço que a cidade não pode se dar ao luxo de pagar.